Caso Neymar: Polícia de SP indicia Najila por extorsão, fraude processual e denúncia caluniosa


Modelo acusou jogador de estupro durante encontro em Paris. Ex-marido também foi indiciado por fraude processual.


A Polícia Civil de São Paulo indiciou Najila Trindade Mendes de Souza por fraude processual, denúncia caluniosa e extorsão no caso em que a modelo acusou o jogador Neymar de estupro durante encontro em Paris no dia 15 de maio. O ex-marido dela, Estivens Alves, foi denunciado por fraude processual e divulgação de conteúdo erótico.
O indiciamento vem após a conclusão de dois inquéritos que tramitavam pelo 11º DP (Santo Amaro) envolvendo Neymar. As peças são desdobramentos do caso investigado e encerrado junto à 6ª Delegacia de Defesa da Mulher, sob a presidência da Doutora Juliana Lopes Bussacos.
O pai de Neymar entrou com a ação de denúncia caluniosa e tentativa de extorsão de Najila. A modelo, por sua vez, denunciou o ex-marido por divulgação de conteúdo erótico.
Os inquéritos, que seguem sob segredo de Justiça, foram encaminhados ao Tribunal de Justiça para apreciação dos representantes do Ministério Público e do Poder Judiciário.

"Com base no conjunto probatório reunido durante as investigações, a delegada decidiu pelo indiciamento de N. e Estivens Alves seu ex-companheiro, pelo crime de fraude processual (art. 347, parágrafo único, CP). Decidiu, ainda, por indiciar Alves pelo artigo 218-C, por divulgar material com conteúdo erótico de N. para um repórter, em troca de publicações suas na internet", diz a nota da Secretaria de Segurança Pública.
"Após o esclarecimento da materialidade delitiva, procedida à realização das respectivas perícias e oitivas, a autoridade também decidiu pelo indiciamento de N. nos crimes de denunciação caluniosa e extorsão", diz a nota.

Defesa de Najila

O advogado de defesa de Najila, Cosme Araújo, disse que acha estranho os indiciamentos da sua cliente, considerando que recentemente foi feito pedido de acareação entre Najila e o seu ex-marido, Stevens.
Afirmou ainda que sequer a defesa teve resposta da delegada em relação à tal pedido de acareação e que a noite desta segunda-feira (9), ao acessar o inquérito na justiça, verificou que existia apenas uma manifestação do MP para que fosse juntado nos autos elementos que estavam em autos apartados.
Daí a defesa não teve acesso a informações dos autos apartados, razão porque não pode se manifestar sobre tais indiciamentos. Assim que tiver acesso a todo inquérito, a defesa se manifestará.

A investigação sobre o suposto estupro foi arquivada julho, depois de a polícia decidir por não indiciar Neymar. Os depoimentos e provas apresentados à Polícia Civil pela modelo Najila Trindade, que acusou o jogador Neymar de estupro e agressão, apresentaram "incongruências", conforme escreveu a delegada que investigou o caso no relatório final do inquérito.
Após dois meses de investigação, a delegada Juliana Lopes Bussacos anunciou que o caso estava encerrado. "Eu concluí a investigação e deliberei por não indiciar o investigado por ausência de elementos suficientes para tanto", afirmou.
No relatório final, a delegada concluiu que "diante dos elementos colhidos no curso da investigação policial, não vislumbro elementos para o indiciamento do investigado, uma vez que as versões são conflitantes, com incongruências nas declarações da vítima e, principalmente, nas provas apresentadas pela mesma"0.

Cronologia do caso

Início de maio
  • Najila mantém contato via rede social com Neymar e ambos passam a se corresponder
  • Eles acertam a ida de Najila a Paris, com passagem paga pelo jogador
15 de maio
  • Neymar e Najila se encontram num hotel em Paris, onde ela estava hospedada
  • Neste dia, segundo a modelo, ela foi vítima de agressão e de estupro
16 de maio
  • Os dois voltam a se falar por um aplicativo de mensagens. Ela diz que quer ver o jogador de novo. Neymar diz: "Claro que eu quero transar com você de novo".
  • O jogador vai de novo ao hotel em que Najila está. Um vídeo mostra a modelo agredindo o jogador a tapas no quarto. O vídeo é interrompido sem mostrar o desfecho da cena;
  • Neymar deixa o hotel. Mais tarde, os dois trocam mensagens por uma rede social: a modelo envia uma foto com marcas no corpo dela. Neymar responde dizendo que ela havia sido culpada pelas marcas. "Tá doido?", questionou a modelo, afirmando que pediu para o jogador e que Neymar chegou a pedir desculpas a ela
21 de maio
  • Já de volta ao Brasil, Najila se submete a um exame com o médico Luiz Eduardo Rossi Campedelli. O laudo aponta hematomas, arranhões nos glúteos, transtorno ansioso e depressivo e traumatismos superficiais não especificados
31 de maio
  • A modelo registra ocorrência de estupro em uma delegacia de São Paulo
1º de junho
  • O caso vem a público. O pai do jogador diz que o atleta é vítima de uma tentativa de extorsão; o advogado que representava Najila na ocasião nega
2 de junho
  • Neymar grava um vídeo em que diz que a relação dos dois foi consentida. "Foi uma relação entre homem e mulher, dentro de quatro paredes, algo que acontece com todo casal (...) Agora fui pego de surpresa por causa disso"
  • 3 de junho
    • Escritório de advocacia contratado por Najila rescindiu o contrato com a cliente, alegando que ela havia relatado para os advogados que havia sofrido uma agressão, mas não mencionou estupro.
    5 de junho
    • Em entrevista, a modelo disse que se recusou a manter relação sexual com o jogador porque não havia preservativo; segundo ela, ele a virou e bateu violentamente nas nádegas dela

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